OMOLÚ
Dia: Segunda-feira
Cores: Preto, branco e vermelho.
Símbolos: Xaxará ou Íleo, lança de madeira, lagidibá.
Elementos: Terra e fogo do interior da Terra.
Domínios: Doenças epidémicas, cura de doenças, saúde, vida e morte.
Saudação: Atotoó!!!
HISTÓRIA
Omolú é a Terra! Essa afirmação resume perfeitamente o
perfil deste orixá, o mais temido entre todos os deuses africanos, o mais
terrível orixá da varíola e de todas as doenças contagiosas, o poderoso “Rei
Dono da Terra”.
È
preciso esclarecer, no em tanto, que Omolú está ligado ao interior da terra
(ninù ilé) e isso denota uma íntima relação com o fogo, já que esse elemento,
como comprovam os vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do
planeta.
Toda a reflexão em torno de Omolú ocorreu colocando-o como um orixá ligado a
terra, o que é correto, mas não deixa de ser um erro desconsiderar a sua
relação com o fogo do interior da terra, com as lavas vulcânicas, como os gases
etc. o que pode ser mais devastador que o fogo? Só as epidemias, as febres, as convulsões
lançadas por Omolú!
Orixá
cercado de mistérios, Omolú é um deus de origem incerta, pois em muitas regiões
da África eram cultuados deuses com características e domínios muito próximos
aos seus. Omolú seria rei dos Tapas, originário da região de Empé. Em
território Mahi, no antigo Daomé, chegou aterrorizando, mas o povo do local
consultou um babalaô que lhes ensinou como acalmar o terrível orixá. Fizeram
então oferendas de pipocas, que o acalmaram e o contentaram. Omolú construiu um
palácio em território Mahi, onde passou a residir e a reinar como soberano,
porém não deixou de ser saudado como Rei de Nupê em pais Empê (Kábíyèsí Olútápà
Lempé).
As
pipocas, ou melhor, deburu, são as oferendas predileta do orixá Omolú; um deus
poderoso, guerreiro, caçador, destruidor e implacável, mas que se torna
tranquilo quando recebe sua oferenda preferida.
Em África são muitos os nomes de Omolú, que variam conforme a região. Entre os
Tapas era conhecido Xapanã (Sànpònná); entre os Fon era chamado de
Sapata-Ainon,que significa ‘Dono da Terra’; já os Iorubás o chamam Obaluaiê e
Omolú.
Omolú
nasceu com o corpo coberto de chagas e foi abandonado pela sua mãe, Nanã
Buruku, na beira da praia. Nesse contratempo, um caranguejo provocou graves
ferimentos na sua pele. Iemanjá encontrou aquela criança e criou-a com todo
amor e carinho; com folhas de bananeira curou as suas feridas e pústulas e
transformou-a num grande guerreiro e hábil caçador, que se cobria com palha da
costa (ikó) não porque escondia as marcas de sua doença, como muitos pensam,
mas porque se tornou um ser de brilho tão intenso quanto o próprio sol. Por
essa passagem, o caranguejo e a banana-prata tornaram-se os maiores ewò de
Obaluaiê.
O
capuz de palha-da-costa-aze (aze) cobre o rosto de Obaluaiê para que os seres
humanos não o olhem de frente (já que olhar diretamente para o próprio sol pode
prejudicar a visão). A história de Omolú explica a origem dessa roupa
enigmática, que possui um significado profundo relacionado à vida e à morte.
O
aze guarda mistérios terríveis para simples mortais, revela a existência de
algo que deve ficar em segredo, revela a existência de interditos que inspiram
cuidado medo, algo que só os iniciados no mistério podem saber. Desvendar o
aze, a temível máscara de Omolú, seria o mesmo que desvendar os mistérios da
morte, pois Omolú venceu a morte. Debaixo da palha-da-costa, Obaluaiê guarda os
segredos da morte e do renascimento, que só podem ser compartilhados entre os
iniciados.
A
relação de Omolú com a morte dá-se pelo facto de ele ser a terra, que
proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem
nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua
frágil diante de Omolú, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a
terra, que vai consumir o corpo do homem por ocasião da sua morte.
Obaluaiê
andou por todos os cantos de África, muito antes, inclusive, de surgirem
algumas civilizações. Do ponto de vista histórico, Omolú é a idade anterior à
Idade dos Metais, peregrinou por todos os lugares do mundo, conheceu todas as
dores do mundo, superou todas. Por isso Omolú se tornou médico, o médico dos
pobres, pois, muito antes da ciência, salvava a vida dos necessitados; durante
a escravidão, só não pôde superar a crueldade dos senhores, mas de doenças
livrou muitos negros e até hoje muitos pobres só podem recorrer a Omolú que
nunca lhes falta.
Características
dos filhos de Obaluaiê/Omolú
Os
filhos de Omolú são pessoas extremamente pessimistas e teimosas que adoram
exibir os seus sofrimentos, daqueles que procuram o caminho mais longo e difícil
para atingir algum fim.
Deprimidos
e depressivos, são capazes de desanimar o mais otimista dos seres; acham que
nada pode dar certo, que nada está bom. Às vezes, são doces, mas geralmente
possuem manias de velho, como a rabugice.
Gostam
da ordem, gostam que as coisas saiam da maneira que planearam. Não são do tipo
que levam desaforo para casa e se sentirem ofendidos respondem no ato, não
importa a quem. Pensam que só eles sofrem, que ninguém os compreende. Não
possuem grandes ambições.
Podem
apresentar doenças de pele, marcas no rosto, dores e outros problemas nas
pernas. São pessoas sem muito brilho, sem muita beleza. São perversos e adoram
irritar as pessoas; são lentos, exigentes e reclamam de tudo.
São reprimidos, amargos e vingativos. É difícil relacionar-se com eles. Parece
que os filhos de Omolú são pessoas que possuem muitos defeitos e poucas
qualidades, mas eles têm vários, e uma qualidade pode compensar qualquer
defeito: são extremamente prestáveis e trabalhadores. São amigos de verdade.
O
lado positivo da maioria dos filhos de Omolú supera em muito esse lado
autodestrutivo que todos têm uns mais, outros menos, mais tem sim.
São
extremamente alegres, perseverantes, pacientes e amorosos, tiram a roupa do
corpo para agradar uma pessoa, tratam o dinheiro pelo lado do prazer, da
satisfação.
Extremamente
fiéis a uma causa. A justiça para os filhos de Omolú não é a dos homens e
sim a de Deus (Olorun), super limpos e vaidosos, ao contrário de muitos
arquétipos, são na maioria muito bonitos, se não fisicamente, são
espiritualmente e ainda tem grande afinidade pela atração que exercem nas
pessoas. Tem uma capacidade mental atualizada ao seu tempo, raramente adoecem e
quando acontece se recuperam mais rápido ainda.
As
pessoas de Omolú têm a tendência da mudança propriamente dita, para qualquer
coisa que desejarem, parecem dançar Opanijé o tempo todo, procurando por tudo. Trabalhadores incansáveis, filhos de
Omolú numa roça fazem de um tudo, apenas não os magoem nem os tratem com
indiferença, ciumentos são capazes de exageros, se sentem incompreendidos e,
muitas vezes não sabemos o que lhes causam repentinas depressões.
Filhos
do Sol e da Terra de Orixá vivo, os filhos de Omolú são maravilhosamente
despretensiosos. Um tanto radicais, podem mudar de opinião de uma hora para
outra. Também, céticos em sua fé, intuitivos, andarilhos e aguçados.